Passamos por tempos únicos. Não há memória de tamanha crise. O mundo foi abalado por um inimigo invisível, inteligente e, nalguns casos, letal: o Covid-19. No ano vigésimo, do sec. XXI , o mundo vai, inevitavelmente, mudar e eu espero sinceramente que para melhor.

Mas até se encontrar, no mínimo, um medicamento para a cura, a vil maleita continuará a aterrorizar-nos, não só por questões de saúde, mas também, obviamente, por razões económicas. É sobre as segundas que vou escrever e no contexto específico das micro, pequenas e médias empresas já que é a realidade que melhor conheço.

As micro e pequenas empresas, são habitualmente organizações que nascem de forma orgânica fruto do empreendedorismo de um ou mais fundadores. E crescem, em geral, devido ao empenho e investimento dos seus responsáveis, mas, também à competência, dedicação e lealdade dos seus colaboradores.

Respeito muito todos os empresários e empreendedores, mas confesso que tenho um orgulho especial pelos que, como eu, olham para a sua organização empresarial como uma ferramenta para criar valor para a economia e para a sociedade, para oferecer excelência aos seus clientes e, principalmente, para criar emprego e manter equipas felizes. Obviamente que também queremos lucros e bons, mas no meu caso, o lucro não está seguramente no topo da minha lista de prioridades.

E é nestas situações de crise que conseguimos distinguir de que ‘pele’ são feitos os líderes. Fazem um esforço evidente para manter os colaboradores nas suas organizações ou torna-se mais fácil extinguir o posto de trabalho? São transparentes com as suas equipas relativamente à situação da empresa e sobre as alternativas que estão em cima de mesa, ou evitam revelar a verdadeira situação criando um ambiente de intranquilidade e de desconfiança? Escondem-se atrás de um computador ou falam com os colaboradores olhos nos olhos? Ouvem-nos? Aceitam sugestões? Lutam verdadeiramente por manter cada um dos postos de trabalho ou optam pelas soluções financeiramente mais seguras?

Gostava muito que os empresários se colocassem perante estas questões antes de tomarem decisões irremediáveis que vão mexer com o dia a dia de algumas famílias. Acresce que o Estado está a colocar à disposição algumas medidas de apoio às empresas que, as que precisam, devem utilizar.

Mesmo com as medidas de apoio do executivo, do ponto de vista financeiro esta crise vai abalar bastante o mercado e quem não tiver estruturas sólidas poderá ver o seu negócio em risco. Mas, felizmente, não será assim em todos. E nas restantes espera-se que os líderes mostrem a sua qualidade, trabalhando em equipa com os seus colaboradores para ultrapassar esta e quaisquer outras crises que surjam no futuro.